Despertei.
E essa talvez seja a maneira mais vazia de acordar.
Ouvi uma bomba.
Foram mais de 50 mortes.
A casa da minha vizinha desabou com as fortes chuvas.
Ela era só uma criança.
Hoje trabalhei por 12 horas.
Fui a um restaurante comemorar pequenas vitórias.
Decidi não abdicar do meu carnaval.
O sol se pôs.
Lá vem eles tirar novamente o que ainda nos resta.
Falta muito pouco.
A paz se foi de novo.
São 15h da tarde e acabei de voltar do meu cochilo após o almoço.
Ganhei joias para comemorar o aniversário.
Decidi viver a minha vida.
Lágrimas escorrem sangue pelas telas.
Ainda permanecem apenas nas telas.
O peito chora e a consciência grita: será que ela não vai acordar?
Despertei.
E essa talvez seja a maneira mais vazia de acordar.
O mundo não gira ao meu redor.
Mas se eu não ajudar o mundo, um dia ele pode parar de girar.
Com carinho,
Joyce Silveira
Existe uma nudez literária perceptível em cada vírgula do seu texto. Uma nudez rara!
Isso diz muito sobre uma escritora. 🤍