Desde criança, quando os fantasmas dos meus pensamentos não me deixam dormir por dias, significa que preciso sentar e escrever. E essa escrita nem sempre é perfeita e com todas as correções gramaticais necessárias, já que ela simplesmente sai sem nem ao menos pedir licença.
Nos últimos dias, pensei bastante sobre a melhor maneira de começar de forma oficial essa newsletter e em quais estratégias eu iria me apegar para chamar atenção do máximo número de pessoas possível. No entanto, percebi que estava indo pelo mesmo caminho de sempre, aquele caminho que foi nos ensinado ao longo dos anos através das redes sociais e só nos geram crises de ansiedade.
Então, assim como Clarice, simplesmente resolvi escrever para não me perder. Talvez essa também seja a minha benção ou maldição.
Em mais de três décadas de vida, escrever sempre foi o meu maior refúgio. Não que eu não tivesse grandes amizades com quem pudesse compartilhar todos os meus anseios, além de uma família imensa e pais presentes, mas existiam lacunas que somente a escrita seria capaz de preencher.
No auge dos meus doze anos, me lembro de estar no meu quarto (todo pintado de rosa, e entupido de livros) e escutar uma música romântica na rádio e uma ouvinte pedindo para que os locutores a ajudassem a escrever uma carta para o namorado dela. Resolvi aceitar o desafio sem nem ao menos ter sido convidada.
Neste instante, a ouvinte contou sobre sua relação com o então namorado e disse que precisava de uma carta que fosse capaz de demonstrar todo o amor que ela sentia. Resolvi então fingir que eu era essa ouvinte para escrever a tal carta. Não sei como tudo aconteceu, mas, trinta minutos depois, a carta estava pronta e minha amiga chorando e falando que eu era uma escritora. Isso mesmo, ela já afirmava isso.
Por incrível que pareça, eu apenas sorri e neguei, mas por dentro eu tinha uma certeza de que ela estava certa. Depois deste episódio, foram mais de trinta cartas escritas, já que minhas amigas não me deixariam descansar enquanto todos os pretendentes não recebessem as cartas como se tivessem sido escritas por elas.
Naquele mês, eu me senti anestesiada de tão feliz e preenchida por um amor e autoconfiança que não teriam palavras que pudessem expressar como eu estava me sentindo. Era aquilo que eu queria sentir por toda minha vida, mas não o reconhecimento que estava recebendo, mas sim poder colocar para fora os mil pensamentos que governavam minha mente.
De la para cá, foram muitos anos de idas e vindas na escrita, nossa relação sempre foi conturbada, não por ela eu confesso, mas por mim, que nunca a respeitei como ela merecia ser respeitada. Por isso, decidi então me redimir finalmente e honrar aquilo que nasci para fazer.
Talvez essa newsletter não seja o que você procura e está tudo bem, eu entendo. Ou talvez, por aqui, você vai se emocionar com textos, histórias e tudo o mais que a escrita me permitir contar.
Por falar nela, estamos um pouco brigadas ultimamente. Nos últimos anos, lancei meu primeiro livro e não dei a mínima para isso. Na verdade, eu nem sequer lembro de contar sobre ele ou postar trechos, ainda que tenha sido lançado por meio de uma editora. Talvez seja um pouco de imaturidade, autossabotagem ou falta de confiança.
Espero neste espaço, poder me reconectar com a escrita e, acima de tudo, comigo mesma. Com a Joyce que aos doze anos tinha a certeza de quem era, mas que com o passar dos anos e dos acontecimentos, se tornou uma incógnita para si mesma!
Dizem que aquilo que nos acontece ao longo dos anos é o que nos molda, mas acredito também conseguimos manter quem realmente somos. Por isso, quero resgatar a essência daquela adolescente que se perdeu pelo caminho.
Nos últimos dias, li centenas de textos de escritores que me deixaram impressionadas com suas histórias, vitórias e também perdas. É sublime como o ser humano, apesar de tudo e todos, nunca de ser aquilo que é, humano. E por mais que briguem entre si, ou por essa mesma razão, são idênticos.
Também não farei deste espaço um museu escondido apenas com minhas memórias, quero me permitir dar “pitaco” em assuntos que estejam “em alta” mesmo sem ninguém pedir (ou pedindo, quem sabe?).
Por enquanto, não farei muitas mudanças por aqui com relação ao design, até porque essa não é a minha praia. No entanto, prometo que com o passar dos dias, vou me dedicar a essa parte também, para deixar tudo mais personalizado para vocês.
Espero vocês nesta jornada maluca que resolvi iniciar. Vamos juntos? E se você achar que outra pessoa possa se interessar por esse conteúdo, clique no link abaixo e compartilhe essa publicação, vou amar!
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Joyce, compartilho do mesmo sentimento! Quem tem a escrita como paixão, sente isso desde muito cedo. No entanto, parece que vamos nos afastando dela ao longo da vida... até que ela volta sem pedir licença, nos obrigando a abrir a porta. Que a gente nunca mais expulse ela do nosso lar. Ou, mais do que isso: que façamos dela morada, um lugar para deitar a cabeça e chorar copiosamente depois de um dia ruim; uma amiga com quem rir das ironias da vida.
E como é bom se descobrir escritor(a)! Deu-me no que pensar. Quanto a esse aplicativo, estou nessa vibe também. Apesar do ego tipifico dos escritores, escrever é se superar e, por isso, sempre deixamos algo pra trás, quem sabe a escrita despretensiosa não seja mesmo o caminho. Irei acompanhar por aqui. 👏🏽👏🏽👏🏽